Escalada móvel no Frey | Odiamos amar a Argentina | Rio Caminhadas.com.br

Escalada móvel no Frey | Odiamos amar a Argentina

16 Jan – Sábado

Acordamos às 4h30. Mauro e eu jogamos as mochilas no lombo e iniciamos a trilha. A descida é beeeem mais tranquila, mas também não é tão mole. Fizemos em três horas, depois de ver o nascer do sol e curtir um clima ameno e sem as moscas da subida. Quase no final da trilha um alemão nos ultrapassa. Reencontramos o menino no ponto de ônibus. Batemos um papo e ficamos sabendo que o próximo ônibus passaria às 9h15. Comemos uma banana-passa como café da manhã, acariciei as bolhas nos meus pés, encontramos um casal de brasileiros por ali e o ônibus vermelho chegou (6 pesos).

Nascer do sol na trilha

Só o bagaço

 

Descemos próximo do albergue, – o mesmo que ficamos no primeiro dia – despejamos as mochilas e fomos comer alguma coisa. Eu com os pés cheios de bolhas e Mauro com as pernas desobedientes 🙂 Aproveitei o tempo livre e fui comprar lembranças para mamãe, filhinha e companhia. Voltamos para o albergue, tomei um banho de verdade e fomos almoçar. Retornamos mais uma vez ao Gente del Sur e pedi um táxi. Mauro voaria na segunda-feira. Algumas despedidas depois cheguei à rodoviária de Bariloche. O ônibus atrasou, a companheira ao lado não era tão agradável dessa vez, fez um frio desgraçado à noite, o serviço de bordo era mais pobre, mas a viagem foi rápida.

 

17 Jan – Domingo

Cheguei às 10h30 no Terminal Retiro. Comi algumas medias lunas com café e saí de lá. Como meus pesos estavam no final e o tempo estava sobrando – meu vôo só decolaria às 18 h –, resolvi ir de ônibus para o aeroporto. Perguntei aos motoristas que estavam no ponto como faria para chegar lá. Seria necessário pegar o 56 (2 pesos), descer no ponto final e de lá pegar o 8 (2 pesos). Entrei no primeiro às 11h15. Mas quase tive que descer. Os ônibus em Buenos Aires só aceitam moedas. Eu só tinha cédulas. Um argentino gente boa me salvou, trocando meus dois pesos e me aconselhou a trocar mais se fosse pegar outro ônibus. Eu iria.

O tal do 56 rodou muuuito. Antes de chegar ao final da linha, o motorista avisa que o 8 estava vindo atrás. Desci em um ponto. O miserável do 8 não parou. Nem esse, nem o próximo. Como tudo tem um propósito, deu tempo para que eu conseguisse trocar mais pesos por moedas – Lembram? – com um casal que passava de bicicleta pela rua. Peguei o terceiro ônibus e cheguei ao aeroporto um pouco depois das 13h. Tomei um banho de gato no banheiro e aguardei.

Foi interessante ver tantos brasileiros perdidos por lá. Ou procuravam um caixa pra sacarem, ou uma casa de câmbio, ou onde ligar para a agência que vendeu o pacote e não mandou ninguém buscá-los… O mais engraçado é que TODOS pediam informações em uma cabine de táxis que ficava no meio do saguão. Nenhum notava o I enorme do balcão de informações logo atrás.

Estava no terminal B, fui para o A. Encontrei uma tomada, recarreguei o celular e fui ouvir música, depois de 10 dias. A fila do check-in crescia. Entrei nela. Na minha vez de ser atendido, fui informado que as pessoas que estavam em standby deveriam esperar até que todos os passageiros fizessem o seu check-in. Era o meu caso. Traduzindo, eu só embarcaria se alguém não aparecesse. Fiquei com medo e já olhei por ali onde seria o melhor lugar para dormir no aeroporto. Encostei meu carrinho, sentei em cima da mochila e aguardei…

Esse tava por lá de bobeira

 

Encontrei um casal de amigos cariocas (Dex e a namorada), contei meu drama, desejaram boa sorte e me deixaram. Pouco tempo depois a boa sorte veio mesmo, um funcionário da Gol perguntou se eu era o standby. Disse que sim e ele informou que havia duas vagas. Duas nobres almas não compareceram 🙂 Despachei a bagagem, entrei na sala de embarque, gastei meus últimos pesos com alfajores e ainda tirei foto do Maradona, que estava por ali com os hermanos argentinos. Mesmo com o atraso, nunca foi tão bom voar de volta pra casa. Chegamos ao Rio por volta de meia-noite. Peguei um táxi para casa e joguei a mochila na sala, onde ainda ficaria por alguns dias.

 

Foi a segunda vez que fui para a Argentina. Na primeira, em Los Gigantes, todo aquele papo de rivalidade entre brasileiros e argentinos foi por água abaixo. Dessa vez, ratifiquei isso. Nossos hermanos nos recebem muito bem, são solícitos, simpáticos – pelo menos a maioria que conheci – e dão exemplo de organização quando se trata de turismo. Uma estrutura como a do Frey poderia ser facilmente montada aqui. Temos locais, gente e exemplos de como fazer. Para não ir muito longe, locais como Salinas, aqui no Rio, têm tudo para se tornarem referência em escaladas, caminhadas e para aqueles que só querem se isolar um pouco para aproveitar paisagens de sonho em um lugar paradisíaco. Isso eles sabem fazer, nós ainda não.

Como falei lá no início, o Vale do Frey é um dos lugares mais bonitos que já conheci. Se você quer escalar em móvel, tem uma coluna forte – a trilha é bruta – e gosta de conhecer gente do mundo inteiro, lá é o lugar perfeito. Escalamos pouco, mas aproveitamos muito, se soubesse que só escalaria dois dias e passaria quatro enfurnado em um abrigo, mesmo assim iria para lá. Curti cada minuto! 

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